A malapata

Sou suspeita, falo em causa própria, mas acho que a viagem correu bem, muito bem até. As minhas alunas nunca se atrasaram, cumpriram sempre com responsabilidade tudo o que lhes foi solicitado e, muito importante, estou certa que aproveitaram muito bem. Acontece que nem tudo está nas nossas mãos, portanto, houve dois percalços que acabaram por ser curiosos, um no início, outro no fim, um com a Susana Monteiro, outro com a Susana Duarte. Pois é, quando chegámos a Munique e depois de todas terem a sua mala, a Susana Monteiro continuava sem a dela. Estivemos algum tempo debruçadas no tapete a ver se aparecia, se era aquela ou aquela, revolvendo as etiquetas, mas nada. Perguntei a um senhor encarregue das bagagens se havia mais malas provenientes de Lisboa, disse que não. Ao passar um pouco mais tarde com uma carro carregadinho de malas, o senhor perguntou se seria alguma daquelas. Nada. Bem, que fazer? Peguei na Susana e lá fomos para os Perdidos e Achados. Estaríamos lá há algum tempo quando as colegas irromperam: a mala tinha aparecido! Aliviadas e felizes fomos apanhar o comboio até ao centro de Munique.
À vinda, aconteceu semelhante. Depois de todas as malas chegadas e de uma espera infindável no aeroporto de Lisboa, a Susana Duarte não tinha a mala também. A grande diferença é que enquanto em Munique havia alguém a quem pedir informações no de Lisboa, nada. Os passageiros são literalmente deixados entregues a si mesmos. Portanto, tive de deixar de sair as meninas sem mim e fiquei lá com a Susana Duarte e a professora Alda Braga para resolver o problema. Mais uma vez me dirigi aos Perdidos e Achados. A fila era enorme, os passageiros estavam exasperados e nós preocupadas e aborrecidas. Enquanto fiquei na fila, a Susana foi várias vezes ao tapete de recolha de bagagens e felizmente a mala apareceu, mas algum tempo depois, e caso não tivéssemos adoptado esta estratégia de nos revezarmos na procura da mala, tínhamos vindo para casa sem ela. Tudo está bem quando acaba bem e assim foi felizmente.